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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Fotografia: um hobby e uma terapia

Desde que temos idade suficiente para saber sobre nossos gostos, nossas habilidades para as coisas e nossa paixão por algo que nos encanta, nossa personalidade se forma naquele momento e raramente isso muda drasticamente. Comigo mudou em alguns aspectos que nunca achei que fosse me interessar. Aos 14 anos, comecei a me interessar bastante por leitura e foi algo que sempre me cativou muito e até hoje eu amo ler um livro e ter um a tiracolo a todo momento. Mas recentemente descobri uma nova paixão: a fotografia.

A fotografia entrou na minha vida como um hobby que eu amava fazer. Comecei a me identificar muito com aquilo, apesar de sempre ter amado ler e escrever. Além de poder capturar a beleza de simples coisas, também eternizamos lembranças nas fotos e eu sempre fui uma pessoa presa às lembranças e gosto de ter todas ao meu alcance e a fotografia me ajudou a registrar todos os momentos especiais.


Eu gosto muito do céu e do mar. Acredito que nas minhas fotos de paisagens as que predominam são essas. O azul do céu e do mar sempre me chamou a atenção pela sua beleza e gosto sempre de capturar uma imagem deles quando vejo a beleza deles construindo um cenário magnífico.

Objetos na luz certa é o que me cativa. Esse tipo de foto eu costumo capturar em casa, restaurantes, lojas, shoppings e outros lugares. Não sei o que as pessoas acham desse tipo de foto, mas todas as minhas fotos são para o meu gosto pessoal e adoro todas. É algo que tem a minha cara, algo para me representar ou até mesmo representar como eu sou, como é minha personalidade, coisas que eu gosto e que não gosto.


Bom, esse foi um post para vocês conhecerem mais sobre mim e para eu expor minha outra paixão. Espero que tenham gostado e até a próxima :D

** Todas as fotos apresentadas no post foram tiradas por mim.
** As fotos são tiradas do meu celular (iPhone 5) - ainda não tenho câmera.

domingo, 20 de março de 2016

Lembranças

Todo mundo guarda lembranças de alguma coisa. Algumas pessoas guardam lembranças de viagens, datas especiais. Outras, guardam fotos para sempre reviver cada momento inesquecível gravado nelas para sempre. Há outras pessoas que guardam recordações de festas, encontros românticos, primeiro beijo, primeiro amor e por aí vai.

Eu guardo como lembrança o cheiro dos lugares por onde eu passo. Não há nada mais acolhedor e reconfortante do que quando você sente o aroma de algo familiar, como o bolo quente da vovó que faz você voltar aos seus sete anos de idade ou algum perfume que faz você lembrar daquela pessoa especial na sua vida; ou até quem sabe o cheiro do molho de algum prato do seu restaurante favorito que você costumava ir todo domingo e via casais apaixonados começando suas histórias juntos.

Assim como o aroma das coisas, tudo pode se tornar um lembrança boa, até mesmo o sorriso de uma criança ao ganhar um doce. Lembranças foram feitas para serem boas para que todos nós possamos guardá-las para sempre conosco, até o dia em que encontrarmos alguém para dividirmos todas elas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Não terceirize sua felicidade. Só você é responsável por ela


Acredito que muitos chegam a achar essa frase um pouco perturbadora, mas, na vida de muitos, essa é a realidade. É difícil para alguns de nós (para não dizer todos) aceitar esse fato porque é da nossa natureza querer sempre alguém para nos fazer companhia, para amar, poder chamar de nosso, para ter com quem contar em momentos bons e ruins e claro, para nos fazer felizes. Mas é nesse ponto que está o nosso erro.

Nenhum de nós temos que achar que a nossa felicidade tem que depender de outra pessoa. Vamos sempre nos sentir frustados e desapontados com a pessoa no momento em que nossa felicidade depender dela, pois ela não vai corresponder às nossas vontades e não vai agir da forma que esperamos que aja (como gostaríamos que a pessoa fizesse). Vamos começar a achar que ela tem a obrigação de fazer de tudo para nos fazer feliz, mas a verdade é que a gente precisa aprender a ser feliz sozinho e não terceirizar nossa felicidade.

Para muitos, essa tarefa pode ser considerada bastante difícil. Mas como podemos aprender a fazer isso? Acredito que a melhor forma de começar a colocar em prática sua felicidade é ficar sozinho, não correr para alguém só por estar carente e, principalmente, não pular de relacionamento em relacionamento como alguém que troca de roupa. Você deve descobrir as alegrias e os bons momentos que existem fazendo coisas que você gosta, desde ir ao cinema até um passeio ao ar livre (ou fazer coisas novas e acabar encontrando paixões em atividades que antes não sabia que tinha). Essa é uma excelente forma de dar o primeiro passo.

Nós passamos a dar mais valor para a felicidade com a pessoa amada quando conseguimos ser feliz por nossa conta, sem precisar de alguém. Com isso, você vai poder desfrutar de todos os momentos ao lado dessa pessoa. Quando isso não acontece, você só vai estar despejando em alguém algo que ela não tem culpa. E é com isso que aparece sentimentos ruins, como raiva, ciúmes e até possessividade por que você não sendo feliz sozinho, vai acreditar que a pessoa não tem o direito de ser feliz longe de você e isso é algo que prejudica ambos os lados.

Quando conseguimos fazer nossa própria felicidade, estamos cheios com sentimentos bons e prontos para alguém, que também deve ter sua felicidade. Porque não temos que estar pela metade esperando encontrar alguém para nos completar, temos que nos transbordar e transbordar o outro.

Por isso não devemos terceirizar jamais nossa felicidade. Você tem sempre que estar se completando e não esperar alguém que faça isso por você porque não devemos deixar nossa felicidade depender daquilo que não depende de nós. Dependemos de nós mesmos para sermos felizes.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Flor Amarela

Fonte 

Flor amarela
Vem voando por uma janela aberta
Por um vento que a soprou 
A levando para a jovem menina
Que com ela repousou

Flor, amar ela
Que te cuidas como cuida vosso ninho
Onde me deito e adormeço junto a ti
Memórias de um passarinho
Veio passar por aqui

Flor, a maré lá
Trouxe contigo a vaidade
Vai idade
Vai da vontade de matar a saudade
Do tempo que ainda tinha bondade 

Ah, flor amarela 
Me conte por onde andou
Viajarei em sua lembrança 
Agarrarei-me em suas pétalas 
E viverei eternamente na esperança
De dar-te a alegria que comigo compartilhou

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Memórias Perdidas

A luz. Branca e bela, mas que mesmo sabendo que pode ficar cego por olhá-la, você continua a encarar. Não tem como não desviar o olhar dessa luz. Não me lembro do que aconteceu, mas também não me importa. Eu estava em um lugar que era tão belo que poderiam considerar ser o Paraíso. Quis chegar mias perto. E cheguei.

Sinto como se tivesse acordado de um sono profundo e cheio de energia. Queria correr pela neve úmida, deslizar pelo rio congelado sem medo algum, mas foi aí que avistei uma pequena casa ao norte do lago, próxima à uma montanha. Quis chegar mais perto. E cheguei.

Pude ouvir o som de madeira sendo queimada, água escorrendo em uma torneira, latidos e risadas. Uma risada alegre, leve e jovial, provavelmente de uma criança que morava nesta casa. Eu não soube muito o que fazer naquele momento então resolvi bater à porta, mas não atenderam. Insisti mais uma, duas, três vezes quando uma pequena menina com os cabelos tão claros como o sol, olhos azuis quanto a água do rio por qual passei, bochechas rosadas e roupas sujas. De repente ela sorriu para mim e disse:

— Mamãe, o papai voltou para casa!

Foi aí que me lembrei. Já vi essa garotinha antes, mas parecia ser um sonho. Mas não era. Veio em minha mente lembranças de carregá-la em um momento que, talvez, ela devesse ter uns dois anos. Vi uma linda mulher que parecia uma versão mais velha da minha filha e, meu Deus, ela era linda. Quando me veio de volta todas aquelas lembranças, lembrei do que acontecera. E então, tudo ficou escuro outra vez.

Abri os olhos e por um momento não consegui me mexer e sentir uma dor na cabeça. Será que eu desmaiei? Não me lembro.

Notei que eu estava em uma cama, com almofadas na cabeça e nos pés. Um copo d'água repousava do lado da cama em uma mesinha e pude sentir um cheiro familiar no ar. Levantei e saí do quarto. Notei que já tinha anoitecido e me perguntei quanto tempo tinha se passou desde que estava acordado pela última vez. De repente escuto uma voz me chamando.

— Sebastian!

Era ela. A mulher que apareceu em minhas lembranças. Ela era ainda mais bela e radiante que em minhas memórias. Ela sorria. Um sorriso tão doce que pude sentir meu coração batendo tão rápido parecendo que ia fugir, como se minhas costelas fossem a gaiola e quisesse se libertar. Mechas de seu cabelo roçavam em suas bochechas e a barra de sua saia longa voava envolvendo suas pernas, que revelavam botas sujas de neve. Ela estendeu a mão. Quis chegar mais perto. E cheguei.

Ao me aproximar notei seu nariz vermelho por causa do frio e o resto de sua pele tão pálida quanto a neve que caía lá fora. Me sentei próximo a lareira que ela jogava pedaços de madeira na tentativa de nos aquecer. Resmungou quando uma fagulha a queimou e não pude evitar rir baixo com a cara que ela fez. Se levantou e me entregou uma caneca que estava sobre a mesa. O cheiro era de chocolate quente com marshmallow. Sentia que ela sabia muito sobre mim que nem eu mesmo conseguia entender, começando por como fui parar naquele lugar de repente. Mas sabia que ela poderia me contar.

Querido, você conseguiu descansar? Sei que teve um dia cansativo, não vou me importar se quiser se deitar novamente. Ela sorriu e aquele sorriso me iluminou. Aliás, acho que poderia iluminar a sala toda. Quis ser sincero com ela, então falei:

— Me desculpa, mas não me recordo de você nem da menina que acredito ser sua filha. Hoje tive uns flashs mas ainda não consigo me lembrar de vocês.

Ela ficou calma, como se esperasse por essa reação. Sorriu e me olhou de um jeito paciente, como se já tivesse me explicado isso antes. Mas como não consigo me lembrar de nada? Ela bebeu seu chocolate quente e me contou:

— Meu nome é April e a menina que viu mais cedo é a Jane e sim, ela é minha filha. Mas também é sua. Ela tem cinco anos e nós somos casados há dez anos. Entrei em choque. — Parecia que perdi uma parte da minha vida mas não sabia o porquê disso. Ela notou minha preocupação e continuou a explicar. — Entendo você reagir assim, mas vou contar tudo detalhadamente, não se preocupe.

Então ela contou. Contou que sofri um acidente de carro na volta do trabalho. Jane tinha acabado de completar dois anos e eu voltava para a festa surpresa com o bolo. Ela me contou que um caminhão bateu na traseira do carro e eu fui arremessado e bati com a cabeça. Desde aquele dia, não me lembro do ocorrido e tenho lapsos que causa a perda de memória.

Por isso não me lembrava. De nenhuma delas. Não lembrava da nossa vida juntos, de carregar Jane no colo, de colocá-la para dormir e de jantar com April. Minha cabeça começou a girar e me perguntei por quanto tempo eu ia entender que aquela era minha família até o próximo lapso. Não pude suportar a dor de esquecê-las novamente. April deve ter notado meu desespero pois ela tinha uma ruga de preocupação, e nem aquilo tirava a beleza dela. Quando dei por mim, já tinha lágrimas em meus olhos por medo de esquecer tudo aquilo, mas não pude evitar. Ela me abraçou e desmoronei ali mesmo.

Jane apareceu. Ela estava com um pijama de flanela rosa cheio de unicórnios e um urso nos braços com um colar aparentemente feito por ela escrito "Mr. Bear" e mexia no olho com um cara cansada. Se aproximou e sentou no colo de April.

— Por que vocês ainda não dormiram? Papai passou mal de novo?

April sorriu e beijou sua cabeça.

— Não, meu amor. Só estamos conversando. Mas a mocinha que já deveria estar dormindo. Posso saber o motivo de estar fora da cama?

— Não consegui dormir. Tive um pesadelo. — Agarrou o Mr. Bear e beijou se nariz. Eu resolvi falar com ela. A chamei para sentar em meu colo e ela aceitou. Ela me mostrou um sorriso banguela e beijei sua testa e disse:

— Não se preocupe, minha pequena. Os pesadelos só servem para nos tornar mais fortes. Quando você menos espera, eles vão embora e nada mais vai te perturbar.

Ela achou graça e me deu um abraço. Depois deu um beijo na bochecha de cada um e foi correndo para o quarto. April então recolheu as canecas e disse que iria deitar e que eu poderia ficar na sala até quando eu quiser e então me beijou. Eu tive a sensação de ganhar algo novo e antigo ao mesmo tempo. Senti como se a beijasse pela primeira vez mas ao mesmo tempo já conhecia aquele beijo de anos. A envolvi em meus braços para que não se fosse e ela passou os braços pelo meu pescoço, chegando mais perto. Não sei como contar isso, mas naquela noite tive a noite de amor mais romântica que poderia ter. Ao amanhecer me recordei de que não lembraria daquilo nunca mais, então quis viver o momento por um tempo.

Saí do quarto e já não tinha mais ninguém em casa. April deixou um bilhete que dizia que levaria Jane para a escola e de lá iria trabalhar, que quer dizer que passarei o dia sozinho até seis da tarde. Foi então que vi a luz. Não, não podia estar acontecendo de novo. Eu tive a sensação de ter desmaiado. Só via tudo preto e a luz. A luz me tiraria todas as lembranças de Jane e April. Não consigo me mexer e ver nada além da luz.

Sinto o passar das horas quando escuto April gritar "Jane! Pegue meu telefone na bolsa!" Queria poder ver seu rosto pela última vez até chegar a hora. Queria abraçar Jane, colocá-la no colo e dizer que vou protegê-la de tudo, mas não posso. Não consigo nem dizer que as amo e que tudo vai ficar bem. Escuto April ao telefone: "Por favor, mandem urgente! Meu marido está desmaiado. Ele sofreu um acidente há anos e desmaia quando tem lapsos de memória. Mande a ambulância rápido!"

"Querido, vai ficar tudo bem. Eu e Jane te amamos. Vai ficar tudo bem."

Mas não ia, pois ela estava chorando. Deve fazer isso sempre que desmaio, mas se faz de forte para Jane e para mim. Sei como isso deve ser difícil para ela. O som da ambulância me desperta do devaneio e sinto quando me levam embora. A qualquer momento eu vou embora. Não queria, mas vou. Só quero continuar aqui para cuidar delas. Quero que saibam o quanto as amo e que nada vai mudar. Que quero acordar disso para poder ter a vida ao lado delas. Ensinar Jane a andar de bicicleta. Sair com April só para jantar fora sem motivo algum. Quero acordar! Para dizer isso tudo. Mas não consigo. A luz continua aqui e sinto que vou embora a qualquer momento. Luz, diga a elas que sinto muito.


Abri os olhos e vi uma luz muito forte. Aparentemente eu estava em um hospital pois tinha uma pulseira de identificação no meu pulso direito. De repente ouvi chamarem meu nome e olhei. Era uma mulher loira, de olhos claros e sorrindo pra mim e a encarei.

— April? April, estou acordado.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sorrisos e Olhares

Seus olhos. O olhar mais cativante que eu já vi. Nada se comparava ao seu olhar. Um tom de castanho claro mesclado com um tom de verde que, ao ser iluminado pelo sol, causa o efeito mais belo.
Seu olhar.
Olhando através do meu.
Olhos que mergulham na minha alma.
Olhar doce, apaixonante, envolvente e encantador.
Tantos tipos de olhares que não me causam nenhum pudor.

Consegue desvendar todos os segredos. Consegue conquistar da pessoa menos até a mais inocente. Seu olhar atrai todos os olhares. Feitiço lançado pela sua beleza estonteante que arrebata qualquer ser vivo. Seu lindo par de olhos que faz par com seu sorriso. Sorriso o qual poderia dar luz ao dia.
O meu dia.
Dia esse que só existe por eu querer acordar para ver mais uma vez você sorrir para mim.
Seu sorriso.
O sorriso.
Amigo, engraçado e descontraído.
 Cujo forma as rugas mais lindas em seu rosto.

Permita-me tocar teu rosto enquanto sorrir. Beijar-te ao nascer e ao pôr do sol. Admirar você, seu sorriso e seu lindo par de olhos castanhos esverdeados quando me acorda para dizer "eu te amo". Porque eu também amo. Amo você, todos os seus sorrisos e seus olhares.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Lembranças para Emily




Acordei hoje com vontade de não ir. De largar tudo, todo o futuro que tenho pela frente para ficar apenas com ela. Minha Emily, minha doce e querida Emily.

Completamos 2 anos juntos verão passado e ainda sinto a mesma dor no estômago quando vejo aquele rosto cheio de sardas, seu cabelo alaranjado que fica brilhante em todo dia de sol. Não acredito que vou ter que deixar tudo isso para trás, todo o seu amor. Dói só de imaginar em abandoná-la, logo nesse momento tão frágil, pois há dois meses que seu pai morreu em um acidente de carro indo para Illinois. Mas que escolha eu tenho? Provavelmente meus pais detestariam saber que penso em fazer isso, mas partir e deixá-la é uma coisa que não pretendo fazer.

Sei o que você deve estar se perguntando: para onde ele vai? Bom, respondendo a sua pergunta, consegui uma bolsa para estudar música em uma universidade em Londres. Recebi essa notícia tem uma semana e ainda não contei para Emily por ter medo de sua reação. É muito difícil para mim decidir ir e deixar Indiana, onde eu nasci, cresci e a conheci.

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Faltam poucos dias para a viagem e resolvi lhe contar tudo. Mas antes, pensei em fazer um presente pra ela. Sei que isso faz com que pareça que estou a comprando apenas pra poder me deixar ir, mas não é verdade. Só quero que Emily tenha boas lembranças de mim. Peguei todas as fotos que eu tinha guardado dela, de nós dois juntos e até fotos minhas que eu não gostei mas guardei por ela ter sorrido para mim como ela sempre faz e aquele sorriso consegue destruir qualquer argumento. Depois de algumas horas, estava pronto o presente: todas as nossas fotos, cartas que eu escrevia para ela mas acabava desistindo de entregar, vídeos nossos, fitas com músicas que ela chamava de "nossas" e suas flores favoritas: orquídeas.

Marcamos de nos encontrar no parque, pois ela adorava se sentir perto da natureza. Quando cheguei, lá estava ela: seus cabelos presos para trás com um arco, seu vestido florido dobrado para que conseguisse sentar de um jeito confortável. Ela estava lendo um livro quando subiu os olhos em minha direção e sorriu. Como aquele sorriso me doeu. Pensar que, em minutos, talvez ele poderia não estar mais naqueles lábios rosados. Prendi a respiração, sorri de volta e andei.


 Kyle! Achei que tinha morrido. Não retornou minhas ligações desde ontem.  Sabe quando você vê a tristeza nos olhos da pessoa e também vê que está tentando manter as aparências? é o que ela estava fazendo agora. Na verdade, era o que ela sempre fazia quando eu a chateava.

— Eu não estava me sentindo bem, mas hoje acordei bem melhor e queria muito te ver.  Sorri. E percebi que não deveria ter feito isso, pois ela me abraçou tão forte que eu quase senti meu coração se despedaçando de tanta dor. Prendi a respiração outra vez.

— Então, o que vamos fazer hoje? Pensei que podíamos alugar um filme de terror que você goste e podemos ver lá em casa. Vou ter que tomar conta do Jamie hoje. Ainda não está animado para sair.

Jamie é o irmão mais novo de Emily. Tem só dois anos e ainda não entende o porquê do pai não voltar para casa. A Sra. Carter nunca consegue explicar e sempre sobra pra Emily.

— Preciso te contar uma coisa antes.

E falei. Falei sobre tudo, sobre a viagem, sobre a bolsa, sobre ter que morar a quilômetros de distância, sobre o presente e sobre aceitar qualquer decisão que ela queira tomar. Entreguei o presente. Ela não abriu. Olhou para a caixa, olhou para mim com os olhos tristes e me abraçou. E naquele momento não consegui mais prender respiração alguma. Ela chorou e eu compartilhei o meu choro com ela. Depois de uns minutos abraçados, ela me soltou e resolveu abrir o presente. Ela leu todas as cartas, viu todos os vídeos, ouviu todas as músicas no seu aparelho e olhou todas as fotos. Então ela virou pra mim e disse:

— Podia ter me contado antes, eu entenderia da mesma forma. Você não precisava ter esse trabalho todo só para me contar isso. Eu não ia te obrigar a ficar, sei que é algo importante pra você e que gosta do que faz. Vão ser três messes para você se adaptar. Você vai, vê se é o que você quer mesmo e qualquer coisa muda pra cá de volta. Só não desperdice essa oportunidade por minha causa.

Concordei com ela e ficamos ali, abraçados, esperando o sol se pôr e aproveitando nossos últimos momentos juntos.

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Cheguei na universidade. Conheci todos os meus colegas desse trimestre, as salas e o meu quarto. Desfiz as malas e guardei tudo no devido lugar. Descansei por algumas horas por estar cansado do voo. Ao acordar, fui pegar o presente que Emily deixou para mim, um presente de boa viagem. Era uma caixa com um avião de pelúcia com um cartão que ela escreveu à mão:


"Saiba que eu te amo muito e quero que aproveite cada segundo desse trimestre que você tem para aperfeiçoar o seu dom com a música. Quando você voltar, terá uma surpresa. Beijos, da sua eterna Emily. P.S.: Abra o pote azul que está na parte da frente da sua mochila."

Peguei minha mochila curioso com o que ela deve ter escondido lá enquanto eu arrumava o restante das minhas coisas. Demorei um pouco para encontrar pois era uma caixa pequena. Ao abrir de mal jeito, eu vi o que caiu no chão: me deparei com um par de sapatinhos pequeninos que cabem perfeitamente na palma da minha mão. Fiquei confuso por um tempo e depois de um choque de realidade, eu entendi.Grávida. Emily esperava um filho meu. Ela não me contou para que eu não desistisse de viajar. Agora tudo ficou  mais claro. Mas, mais do que antes, não tenho motivos para ficar. Tenho que voltar. Voltar para minha Emily e nossa criança, voltar para minha família.